Como limpar e higienizar fones in-ear ou earbud

A limpeza e higienização dos fones de ouvido é importante, pois além de evitar possíveis infecções e inflamações, ajuda a evitar problemas de funcionamento, prolongando assim a vida útil do produto. Saiba neste artigo como limpar e higienizar seus fones de ouvido in-ear e earbud para evitar que eles parem de funcionar ou causem dores irritações e/ou dores em seus ouvidos.

Como limpar e higienizar earbuds e in-ears (IEMs)

Para limpar e higienizar earbuds e in-ears (IEMs), você deve tentar remover ao máximo a matéria orgânica presente e acondicionar em um ambiente que não seja quente ou tenha umidade em excesso. Isso evitará a possível proliferação de microrganismos patógenos.

De acordo com o material online do Laboratório de Clima e Biosfera da USP, “a temperatura é um dos principais fatores que influenciam no crescimento e na multiplicação dos microrganismos. O crescimento destes seres vivos pode ser tanto de tamanhos (da própria célula) como populacional (de reprodução)”. A maioria dos microrganismos costumam proliferar em temperaturas entre 20°C e 50°C.

Segundo Gabriella Guarnieri em seu artigo “Relative Humidity and Its Impact on the Immune System and Infections”, publicado em 2023 no jornal internacional de ciências moleculares, umidades acima de 60% também facilitam a proliferação de bactérias, sendo uma medida razoável mantê-la entre 40% e 60%. O conjunto de temperatura e umidade são necessários para que haja um micro-habitat ideal para o crescimento de microrganismos.

Pelos motivos mencionados acima, é importante que sempre seja realizada uma limpeza antes de guardar os fones de ouvido, seja in-ears ou earbuds.

As ferramentas essenciais para limpeza diária são:

• Ferramenta de remoção de cera (“earwax removal tool”)
• Lenço umedecido antisséptico sem álcool (“alcohol free antiseptic wet wipe”)
• Pano de microfibra para lentes de camera (“microfiber cloth for camera lenses”)

O pano de microfibra serve para limpar o corpo (shell) dos in-ears (IEMs) e earbuds, removendo o excesso de cera, evitando assim o acúmulo de matéria orgânica e possíveis problemas com umidade. Como forma de limpeza mais profunda, você também pode utilizar o lenço umedecido antisséptico sem álcool.

Observação: Não é indicado utilizar nenhum produto com álcool, pois isso irá danificar o acrílico do fone, assim como suas ear tips (“ponteiras”) e seus cabos.

A ferramenta de remoção de cera (“earwax removal tool”) é utilizada para tirar o excesso de cera no bocal de saída do som (nozzle) nos in-ears (IEMs) e earbuds.

Caso a cera esteja difícil de ser removida do nozzle, você pode utilizar uma escova de dentes que tenha cerdas finas e macias. Esfregue sem muita força, fazendo bastante fricção, até que a sujeira saia.

Quando as ear-tips (“ponteiras”, “borrachinhas”) de silicone dos fones de ouvido in-ear monitor (IEMs) estão muito sujas, é recomendado que você as retire do fone e lave utilizando água morna e sabão de coco em barra. Para isso, siga o passo a passo abaixo.

Passo 01 – Aqueça a água até que fique morna (ponto em que permita colocar o dedo na água sem se queimar).

Passo 02 – Mergulhe parte do sabonete de coco em barra na água e mexa até que perceba uma certa viscosidade (ponto em que ao molhar com a ponta dos dedos e esfregar um no outro, percebe-se que há menos aderência, que desliza mais fácil).

Passo 03 – Coloque as ear tips na água e aguarde por 5 minutos.

Passo 04 – Enxague utilizando água morna sem sabão.

O que fazer no caso de ear tips (“ponteiras”) feitas de espuma?

Observe que ear tips feitas de espuma não são laváveis, mas é possível prolongar a vida útil delas ao tirar o excesso de sujeira utilizando um “lenço umedecido antisséptico sem álcool”, conforme é dito pela popular fabricante norte-americana “Comply” na seção de perguntas frequentes de seu site.

“Use um “Comply Tip Wipe” (lenço umedecido antisséptico sem álcool) ou lave as ponteiras em água morna, aperte com um pano macio e deixe secar ao ar antes do próximo uso.”

Porém, antes de realizar a limpeza das ear tips de espuma, a Comply alerta para os seguintes pontos:

• Não limpar as ear tips quando estiverem quentes e macias logo após serem retiradas do ouvido.
• Não utilizar sabão, detergente ou produtos de limpeza à base de álcool, pois eles danificam a espuma.
• Não manusear as ear tips de espuma logo após usar loções ou álcool em gel nas mãos.

Por fim, a Comply fala que a vida útil de um par de ear tips de espuma gira em torno de 2 a 3 meses.

“A vida útil de todas as ponteiras de espuma Comply depende do uso e é, em média, de 2 a 3 meses por par. A forma como você usa as ponteiras, a química do corpo (cera de ouvido, oleosidade etc.) e o ambiente influenciam na durabilidade delas. Substitua-as quando começarem a descascar, rasgar ou perder as propriedades da espuma com memória, como expandir rápido demais. As ponteiras se deterioram se forem expostas a produtos de limpeza à base de álcool, álcool em gel ou loções. Ponteiras coloridas podem desbotar com o tempo; isso é normal e não afeta o desempenho.”

Não limpar e higienizar fones in-ear e earbuds pode afetar a saúde auditiva

De acordo com Laurice Flowers em seu “The Skin Microbiota: Balancing Risk and Reward”, publicado em 2020 no jornal “Cell host & microbe”, a pele atua como uma barreira epitelial ao ambiente e abriga uma variedade de microrganismos, que crescem de acordo com as circunstâncias nutricionais (matéria orgânica disponível) e ambientais (calor e umidade) desse micro-habitat. Além disso, uma infecção comum no ouvido é causada por bactérias, vírus e fungos, segundo Chandima P. Karunanayake em seu artigo “Ear Infection and Its Associated Risk Factors in First Nations and Rural School-Aged Canadian Children”, publicado em 2016 no jornal internacional da pediatria.

Grande parte das bactérias encontradas no canal (meato) auditivo (acústico) externo fazem parte da flora normal, que coloniza sem causar infecções, de acordo com Mohamed A. El-Sakhawy em seu artigo “Potential microbial hazards of the external auditory canal in users of over-ear, in-ear, and on-ear earsets”, publicado em 2025 na revista “Salud, Ciencia y Tecnologia”. A. El-Sakhawy diz em sua publicação que:

“Como o uso de fones pode aumentar o calor e a umidade do canal auditivo, elevar o risco de abrasão da pele e servir como veículo para a entrada de bactérias na pele do canal, eles têm sido propostos como possíveis fatores de risco para infecções do canal auditivo externo.”

Segundo Mohamed, mesmo quando nosso ouvido está infeccionado, a infecção pode ser visível clinicamente ou não. Pensando nisso, Mohamed realizou um estudo transversal que incluiu 84 participantes, onde foram coletadas 168 amostras do que havia no ouvido das pessoas para submeter à inoculação e cultivo para isolar bactérias e fungos. Com isso, é possível descobrir quais microrganismos estavam presentes na orelha de cada indivíduo.

O resultado do estudo de Mohamed detectou que havia bactérias em 54 participantes (64,3%), sendo 44 (52,4%) cocos Gram-positivos, 10 (11,9%) bacilos Gram-negativos, enquanto 30 (35,7%) participantes não apresentaram crescimento bacteriano. Embora algumas bactérias gram-positivas podem ser responsáveis por certas doenças, a maioria não causa mal ao ser humano. Ana Lúcia Campêlo diz em seu artigo “Infecção e colonização por bactérias gram negativas resistentes aos antimicrobianos” que:

“As Bactérias Gram-negativas são constituídas por uma endotoxina denominada LPS (lipopolissacarídeo), que é causadora da patogenicidade.”

A presença das bactérias com potencial para causar infecções no ouvido está ligada aos hábitos dos usuários de fones de ouvido e o estudo de Mohamed mostrou que:

• O uso de hastes de algodão (cotonete) pode aumentar o sofrimento e a ocorrência de sintomas no ouvido e a presença de bactérias pode causar sintomas no ouvido (desconforto ou dor), com a média de sensação ou sofrimento por sintomas auriculares e com a presença de bactérias isoladas do canal auditivo externo.
• O uso de ferramentas pontiagudas ou outros objetos não médicos para limpar a cera pode causar a ocorrência de sintomas e presença de bactérias isoladas, indicando que esse hábito aumenta esses riscos.
• O compartilhamento de fones com outras pessoas pode causar sintomas no ouvido e presença de bactérias isoladas.
• O tempo médio diário de uso de fones não afeta a presença ou o tipo de bactérias no canal auditivo externo.
• O uso de fones durante atividades esportivas não afeta a presença nem o tipo de bactérias no canal auditivo externo. Da mesma forma, a frequência média semanal de natação/uso de piscina também não influenciou na presença ou o tipo de bactérias isoladas.
• O tipo de fone (over-ear, intra-auricular, sobre a orelha) afeta significativamente a presença de bactérias no canal auditivo. Isso pode ser atribuído à natureza dos materiais, forma, estrutura e mecanismo de contato com a orelha.

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