Análise do Grado SR225X: Som com sensação de se ouvir caixas em shows

O Grado SR225X faz parte da geração “X” da série “Prestige” da fabricante de fones do Brooklyn, bairro de Nova Iorque, EUA. A cada geração, a Grado tenta trazer uma sonoridade que ela julga ser melhor para seus consumidores. Ao utilizar o SR225X, vi que os graves preencheram toda a apresentação musical, me dando a sensação de que eu estava em frente a um palco apreciando um show.

Nesta análise, comparei o SR225X com o meu Grado RS2e na tentativa de trazer uma perspectiva melhor sobre a sonoridade, o conforto e a construção do fone deste review, visto que um é da série “Prestige” e o outro é da série “Reference”, além de pertencerem a diferentes gerações.

As gerações da série Prestige da Grado

As gerações das séries dos fones da Grado podem parecer confusas para alguns. Felizmente, um tópico chamado “Full Grado Labs History!” no fórum Head-Fi, criado pelo usuário “devouringone3”, nos esclarece a ordem em que cada geração surgiu e em que ano isso ocorreu.

Embora as gerações da série Prestige sejam identificadas com letras, a primeira não possuía letra alguma. Já a segunda geração, foi nomeada com a letra “i” ao final do nome do modelo do fone de ouvido. A mais recente é a “x”, lançada em 2021. Confira abaixo a linha do tempo.

• Grado SR225: lançado em 1993
• Grado SR225i: lançado em 2009
• Grado SR225e: lançado em 2014
• Grado SE225x: lançado em 2021

Como é a construção e o conforto do Grado SR225X?

O Grado SR225X tem uma construção simples, só com o suficiente para manter o fone de ouvido na sua cabeça. Você não encontrará nada rebuscado e sim uma apresentação que passa a sensação de algo rústico e inflexível. Uma curiosidade: esse design praticamente não mudou desde a primeira geração da série Prestige, lançada em 1993.

Comparado às gerações anteriores, a geração “X” do SR225 trouxe duas mudanças. A primeira foi na headband (arco), que agora tem uma fina camada de espuma para melhorar o conforto. A segunda foi a capa de tecido trançado no cabo.

Na prática, as alterações mencionadas acima não melhoraram tanto o conforto e a experiência de uso quando eu comparo o SR225X com o RS2e. Embora o arco acolchoado do SR225X pareça interessante, ele é mais estreito comparado à headband do RS2e, que nem acolchoamento tem.

Com o SR225X, eu senti uma pressão maior no topo da minha cabeça e acho que é devido à área de contato do arco com a cabeça ser menor, comparado ao que se tem no RS2e. Somado a isso, ainda notei que o tecido trançado do cabo trouxe vantagens e desvantagens.

Sem dúvidas o cabo revestido com tecido trançado do SR225X traz uma durabilidade maior para o fone de ouvido. Entretanto, achei que o resultado foi uma rigidez além do que considero confortável para o uso no dia a dia. Mesmo o cabo do RS2e sendo aparentemente mais pesado e grosso que o do SR225X, achei ele mais maleável e fácil de lidar tanto para vestir o fone quanto para guardar.

Não há como negar que as ear pads (“almofadas”) dos fones da Grado não são tão confortáveis quanto a de outros fones. O motivo disso é que elas são feitas de uma espuma de alta densidade, sem a utilização de um tecido ou de couro sintético. Desta forma, você tem um toque mais áspero na pele.

Mesmo com esses contras para as “almofadas” dos fones Grado, posso dizer que gostei mais do que as ear pads feitas de couro sintético, que costumam esquentar muito as minhas orelhas. Note que o 225X utiliza as pads chamadas “F-Cushions”, que são diferentes das utilizadas pelo RS2e, que adota as “L-Cushions”.

Observe que tanto o SR225X quanto o RS2e são fones do tipo on-ear, que ficam em cima das orelhas ao invés de repousar ao redor como os over-ears. Mesmo assim, há diferenças de conforto e encaixe entre os modelos mencionados.

Ao utilizar, eu senti que as F-Cushions se encaixaram melhor nas minhas orelhas e encontrei uma posição adequada rapidamente ao vestir o SR225X. Já as “L-Cushions”, percebi que a borda das ear pads ficaram um pouco para fora dos meus ouvidos, dando a sensação de que não estava encaixando bem, embora o som tenha ficado bom no RS2e.

Por fim, devo dizer que o SR225X é extremamente leve na cabeça. Antes de vestir o fone na cabeça, a “luta” que tive foi com o cabo, que não é tão maleavel e pesa mais do que o próprio fone. Considerando que ele não esquentou tanto as minhas orelhas, gostei do conforto geral ao utilizá-lo parado na minha cadeira do meu escritório.

O Grado SR225X precisa de um amplificador “forte” para “tocar bem”?

Não, o Grado SR225X possui apenas 38 Ohms de impedância e uma sensibilidade de 99,8dB/mW @1kHz. Basicamente, isso quer dizer que qualquer dispositivo portátil com saída para fones poderá ser capaz de proporcionar uma qualidade de som minimamente boa.

Em meus testes, o SR225X mostrou um bom desempenho tanto em meu Digital Audio Player (DAP) FiiO JM21 (no ganho baixo) quanto no meu setup de mesa, composto pelo DAC Topping D70S e pelo amplificador valvulado OTL Woo Audio WA3, capaz de lidar com fones de 30 Ohms até 600 Ohms de impedância.

Há algum acessório que vem junto com o SR225X?

Sim, dentro da caixa do SR225X há um adaptador P2-P10, pois o cabo tem plugue 3,5mm e o usuário pode querer utilizar o conector 6,35mm. Não há mais nada além disso.

Como é o som do Grado SR225X?

O Grado SR225X pode se apresentar de formas diferentes dependendo do equipamento que você utilizar para tocar as músicas. A principal diferença que notei foi na força e profundidade dos graves, onde em dispositivos móveis como o FiiO JM21, não há tanto impacto e massa comparado à quando se utiliza um amplificador de mesa como o valvulado OTL Woo Audio WA3.

No DAP FiiO JM21, os graves do SR225X se apresentaram mais contidos, mas ainda assim presentes, com um bom desenvolvimento para compor a sonoridade geral da música. Porém, a sensação de caixas de som em um show só foi ocorrer quando pluguei o fone no amplificador Woo Audio WA3.

No amp Woo Audio WA3, os graves ganham uma força que trazem uma dinâmica incrivel para a música. A sensação que tive foi a de que eu estava em frente ao palco de um show musical. O início da faixa “After Midnight” do album “Eric Clapton – The Lady in the Balcony: Lockdow Sessions” mostrou exatamente isso.

Com o tempo, passei a notar que essa força extra nos graves proporcionada pelo WA3 prejudicou um pouco os médios e os agudos. Achei que as vozes e os instrumentos de corda ficaram mais nítidos e naturais no JM21.

A influência dos graves ficou ainda mais evidente quando comparei o RS2e com o SR225X no WA3. Como o SR2e tem consideravelmente menos presença nos graves, voltando a atenção para os médios e os agudos, quando eu colocava na cabeça o SR225X, eu pensava “aqui estão os graves da música”.

Entretanto, devo dizer que em músicas onde não havia tanta presença nos graves, eu preferi o timbre do RS2e para a reprodução de vozes, instrumentos de corda e de sopro. Porém, isso não quer dizer que os médios e agudos do RS225X são ruins, muito pelo contrário.

Achei os médios e agudos do SR225X com boa nitidez ao utilizar o fone no FiiO JM21, independente da presenta maior de graves na música. Tive a sensação de que neste cenário a extensão das frequências nessa região e nos agudos ganharam mais extensão. Pude ouvir com mais facilidade algumas nuances das músicas.

Indo para os agudos do SR225X, posso dizer que eles têm um brilho e timbre excelentes. Observei uma boa naturalidade no som dos pratos da bateria, por exemplo. Embora eu tenha sentido eles levemente apagados no WA3, o brilho permaneceu bom. Já no JM21 a apresentação das altas frequências teve bom desempenho em todas as faixas que ouvi.

Em termos de palco, devo dizer que o SR225X mostra um som mais intimista, bem próximo dos ouvidos. Após algum tempo ouvido, esqueci esse detalhe, pois a dinâmica no som que este fone entrega é realmente diferente comparado a outros modelos.

No geral, tive a sensação de ter um bom nível de detalhamento nos sons médios e agudos, mesmo com o SR225X tendo um destaque maior nos graves. Acredito que isso seja devido à proximidade do driver dos meus ouvidos, já que as “F-cushions” são planas e finas, possibilitando uma sensação de dinâmica maior sem muito esforço.

Conclusão

O Grado SR225X tem um som que conquista e envolve. A audição dos álbuns foi prazerosa para mim e não senti vontade de pular nenhuma música. A dinâmica que ele traz para o som é incrivel. Mesmo tendo uma qualidade de construção que deixa a desejar, acho que a experiência que ele traz no som compensa o restante. Além disso, por ser um fone fácil de tocar, não é necessário gastar com um amplificador dedicado logo após comprá-lo.

Mesmo custando R$ 1.915 no site da KW Hi-Fi, representante oficial da Grado no Brasil, acho que o Grado SR225X ainda vale a pena. Caso você não queira gastar tanto, mas quer experimentar o “som da casa” da Grado, recomendo comprar o Grado SR80X, que custa R$ 1.065 na KW Hi-Fi.