Análise do headphone over-ear open-back (aberto) Sennheiser HD660S2 (Imagem: Vitor Valeri/Hi-Fi Hub)
O Sennheiser HD660S2 foi uma surpresa comparado a outros modelos de fones de ouvido da marca que eu tive experiência como o HD600, o HD650 e o HD6XX. O conforto continua muito semelhante, mas o som me pareceu mais equilibrado, com graves presentes, mas sem ter agudos “apagados”, resultando em uma apresentação agradável na grande maioria das vezes. Neste review, eu também o comparo com o Sennheiser HD600, meu fone de uso pessoal.
A construção do Sennheiser HD660S2 tem diferenças comparado à primeira versão do Sennheiser HD600 [1]. Notei que o plástico utilizado na carcaça do HD660S2 gerou rangidos em alguns momentos em que movimentei meu rosto e quando vesti o fone, algo que não experienciei com o HD600.
O conforto permaneceu muito semelhante ao que eu tive em toda a série HD6XX. Porém, percebi que o formato das espumas da headband (arco) é diferente, sendo uma peça única com curvas ao invés de vários gomos. Embora seja dificil dizer com precisão, achei a espuma mais firme, dura, trazendo um pouco de incomodo após algumas horas de uso.

As ear pads (“almofadas”) continuam muito macias e proporcionaram um bom encaixe ao redor de minhas orelhas. Também não senti meu ouvido encostar no filtro de espuma da região interna das pads, algo que costumo sentir no lado direito do HD600.
O conforto térmico proporcionado pelo HD660S2 é bom e durante o tempo que eu utilizei o fone, que foi por várias horas seguidas, não senti incomodo. Porém, note que isso pode variar de pessoa para pessoa e depende do clima da região onde cada um mora.
Avaliando o peso, achei o HD660S2 tão leve quanto o HD600, o HD650 e o HD6XX. Por utilizarem basicamente a mesma carcaça, creio que não é uma surpresa para quem já experimentou qualquer um destes fones. Todos eles possuem um peso em torno de 260g e eu mal senti o HD660S2 em minhas mãos, de tão leve.
Em termos de beleza, ao ver o HD660S2 ao vivo, achei a escolha das cores de muito bom gosto. Tenho preferência por designs minimalistas e o preto fosco da estrutura principal do fone somado à utilização de detalhes em cobre me passaram a sensação de finesse.
[1] O Sennheiser HD600 possui duas versões. A primeira possui uma pintura que lembra a rocha granito. Esta foi comercializada de 1997 até o lançamento da segunda versão em preto fosco, vendida a partir de 2019.
O kit de acessórios do HD660S2 é composto de um adaptador de P10 para P2 (3,5mm) e dois cabos com 1,8m de comprimento cada um, sendo um deles com plugue 6,35mm (P10) e o outro com conector 4,4mm. Na minha opinião, achei essa escolha excelente, pois antes a Sennheiser mandava cabos de três metros de comprimento, atrapalhando muito o meu uso, que basicamente é plugá-los em um amplificador de mesa para fones.

Infelizmente, o HD660S2 não vem com um estojo (case) ou caixa para guardar o fone de ouvido. Confesso que sinto falta disso, pois acho muito útil para acondicionar o headphone, protegendo-o de poeira e evitando de pressionar a espuma das ear pads em suportes que prendem o fone pelas laterais e no topo.

O som do Sennheiser HD660S2 é, na minha percepção, muito equilibrado em termos de equilíbrio tonal (distribuição de graves, médios e agudos). Ele foge da tradicional assinatura sonora da marca, que focava mais nos médios e agudos. Ao comparar com o HD600, pude perceber diferenças a favor e contra o HD660S2.
Os graves do HD660S2 são sem dúvidas o destaque do fone. Há uma extensão maior comparado ao HD600, permitindo uma percepção melhor dos timbres de instrumentos e vozes que tem predominância nas frequências mais baixas. Mas não é só isso.
Devido à proeminência dos médio graves na região das baixas frequências, é possível notar que os graves expandem muito mais que o HD600, preenchendo todo o espaço da apresentação da música. Tudo ganha mais corpo, inclusive as vozes. Porém, nem tudo são flores e essa característica pode atrapalhar.
O corpo dos graves do HD660S2 impressiona e traz envolvência à apresentação musical. Entretanto, em músicas onde o foco são os médios e os agudos, notei que o som de algumas vozes e de instrumentos de cordas ficou um pouco estranho. Ao comparar com o HD600, percebi que o excesso de médio graves acabou afetando a naturalidade dos médios, que descreverei melhor agora.

Os médios do HD660S2 são levemente recuados, dando uma sensação maior de espacialidade. É algo que foi até dificil de perceber inicialmente, de tão pequeno que é o recuo. Porém, ao escutar diversas músicas, senti uma falta de naturalidade e não consegui entender muito bem no começo.
Após alternar diversas vezes entre o HD600 e o HD660S2, eu acredito que consegui desvendar o mistério da falta de naturalidade dos médios. Somando os médio graves mais destacados com um brilho além do natural nos médio agudos, houve momentos em que achei as vozes de cantores e cantoras estranhas no HD660S2.
A presença dos médio agudos ajuda a dar uma sensação maior de clareza à música, você sente que há mais “ar” entre os sons e fica mais fácil de ouvir certas nuances do som. Eu percebi que o HD660S2 tem uma atividade maior nessa região e acho que faz total sentido por conta dos médio graves do fone. Porém, isso acabou causando uma certa falta de naturalidade no som.
Devido à maior atividade nos médio agudos e creio que até um pouco nos agudos, percebi que alguns sons estavam um pouco “ardidos” no HD660S2 ao comparar com o HD600. O brilho a mais trazido nesta região do espectro ajuda no detalhamento, mas pode causar um rápido cansaço da audição dependendo da música que está sendo reproduzida.

No geral, senti que o HD660S2 apresenta um detalhamento maior ao reproduzir sons mais agudos como, por exemplo, do prato de bateria. A atividade nos graves do fone permite que você sinta melhor o impacto e volume nas músicas onde há uma grande predominância de sons de frequências baixas. Os médios me pareceram um pouco artificiais, mas ainda assim, apresentaram uma boa performance, na minha opinião.
Somando os médio graves com os médio agudos do HD660S2, você tem um bom nível de espacialidade e uma sensação de som “limpo”. Não percebi um conflito entre frequências, gerando dificuldade em perceber os sons. Por mais que os médio graves se espalhassem na música, eles não prejudicaram tanto os médios.
A apresentação do som do Sennheiser HD660S2 é envolvente e apresenta um excelente nível de detalhamento sem deixar de lado os graves, que passaram a sensação de terem sido muito bem colocados, sem que tirassem a definição geral dos sons da música, compondo de forma harmoniosa com os médios e agudos.
O Sennheiser HD660S2 representa a capacidade da marca de conseguir implementar um bom tuning (ajuste) no som dos fones de ouvido, mostrando o seu know how de mais de 80 anos trabalhando com equipamentos de áudio. Além disso, o HD660S2 ainda traz o reconhecido conforto e construção da série HD6XX, que acredito proporcionar uma durabilidade excelente para o produto, assim como tenho com o meu HD600.
Porém, não há como negar que seu preço de R$ 5.500 na loja online da Sennheiser Brasil é elevado. Dito isso, indico o HD660S2 para aqueles que já conhecem de alguma forma os fones da Sennheiser e sabem o que vão encontrar. O grande trunfo desse fone é aliar uma boa qualidade de som ao conforto e a durabilidade, possibilitando que o usuário o utilize por décadas sem dificuldades.
Tipo de alto-falante: dinâmico
Sensibilidade: 104dB (1kHz, 1Vrms)
Impedância: 300 Ohms
Peso: 260g
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